Há mais de doze séculos, a pequena cidade de Lanciano, na Itália, foi palco de um evento que marcaria profundamente a fé católica: o primeiro e mais notável Milagre Eucarístico reconhecido pela Igreja. Este milagre não apenas desafiou a compreensão humana, mas também serviu como uma ponte entre fé e razão, entre o divino e o terreno.
No coração de Lanciano, no Mosteiro de São Legoziano, viviam os Monges de São Basílio. Entre eles, um monge se destacava, não por sua santidade, mas por sua luta interna com a fé. Culto nas artes mundanas, ele encontrava-se em um dilema espiritual, questionando a verdadeira presença de Cristo na Eucaristia. Em meio a suas dúvidas, ele buscava incessantemente a graça divina para aliviar a angústia de sua incredulidade.
Durante uma missa matinal, em meio a suas orações, o monge testemunhou um milagre: após as palavras de consagração, a hóstia transformou-se em Carne viva e o vinho em Sangue vivo. O milagre não apenas o deixou em êxtase, mas também serviu como um testemunho inegável para todos os presentes. Com lágrimas nos olhos, ele proclamou a realidade do que havia acontecido, convidando a comunidade a reconhecer a presença divina que se manifestara diante deles.
A notícia do milagre espalhou-se rapidamente, e o monge, outrora incrédulo, tornou-se um símbolo de fé renovada, comparado ao apóstolo Tomé, que duvidou da ressurreição de Cristo até vê-lo com seus próprios olhos. As relíquias do milagre (a Carne e o Sangue) foram recebidas com reverência e preservadas com grande cuidado pela comunidade.
Com o passar dos séculos, a Igreja realizou diversos exames eclesiásticos para atestar a veracidade do milagre. No entanto, foi no século XX que a ciência moderna teve a oportunidade de examinar as relíquias sob um novo prisma. Em 1970, os Frades Menores Conventuais, responsáveis pela Igreja do Milagre, autorizaram uma análise científica detalhada, conduzida pelos médicos Linoli e Bertelli.
Os resultados, divulgados em março de 1971, foram surpreendentes: a Carne era verdadeiramente carne humana, do tecido cardíaco, e o Sangue era igualmente humano, ambos do grupo sanguíneo AB. A preservação das relíquias por tantos séculos, sem meios conhecidos de conservação, permaneceu um mistério para a ciência.
O telegrama enviado pelos doutores aos Frades antes da publicação do relatório resumia a essência do fenômeno: “E o Verbo se fez Carne!” Este milagre, portanto, permanece como um testemunho tangível e desafiador do tempo e da lógica científica, reafirmando as palavras de Cristo: “Aquele que come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6,55).
O Milagre de Lanciano, permanece como um testemunho da fé, um fenômeno que desafia a ciência e reforça a crença na presença real de Cristo na Eucaristia. É um convite à reflexão e à adoração, não apenas para os católicos, mas para todos que buscam entender os mistérios da fé.
Oração
Meu Senhor e meu Deus;
Senhor, eu creio, mas aumentai a minha fé;
Meu Senhor e meu Deus, eu vos adoro hóstia consagrada, onde está o verdadeiro Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo vivo e realmente como está no Céu;
Meu Senhor e meu Deus, eu vos adoro cálice consagrado, onde está o verdadeiro Sangue, Corpo, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo vivo e realmente como está no Céu.
Amém.