A incompatibilidade entre palavrões e os ensinamentos de Cristo: A visão de Padre Pio

Hoje em dia, tornou-se comum, e infelizmente até banal, o uso de palavrões em nossa comunicação cotidiana. Este fato, longe de ser um simples problema de linguagem, revela uma profunda alteração na nossa cultura e nos nossos valores. E isto tem sido objeto de debate, até mesmo entre pessoas de fé. Alguns católicos, cujos corações e linguagens já estão inundados de palavrões, buscam justificar o mau hábito. Mas seria essa atitude condizente com os ensinamentos da Igreja? Para obter uma perspectiva, podemos olhar para a vida e os ensinamentos do Santo Padre Pio.

Padre Pio, também conhecido como São Pio de Pietrelcina, é um dos santos mais conhecidos e amados do século XX. Ele era famoso por sua santidade, seu amor à oração e sua compaixão para com os pecadores. Acreditava firmemente que as palavras tinham poder e que devemos usá-las para edificar, e não para destruir. Ele não aprovaria a banalização dos palavrões na sociedade atual.

Isso foi algo que ele aprendeu desde cedo com sua mãe. Quando ainda era criança e ouvia algum de seus amigos xingando ou usando palavrões, sua reação inicial era fugir, conforme relata C. Bernard Ruffin no livro “Padre Pio: The True Story” (“Padre Pio: A Verdadeira História”):

“Sempre que outro menino xingava ou falava palavrão, Franci fugia. Luigi Orlando, que o descrevia como ‘um menino como outro qualquer’, recorda que certa vez, quando os dois estavam brigando, Luigi deixou escapar de seus lábios ‘uma expressão forte’. Ao ouvir, Franci, que o tinha imobilizado no chão, rapidamente se levantou e fugiu.”

Padre Pio: A Verdadeira História

A mãe de Padre Pio não queria que seus filhos se envolvessem com crianças que usavam linguagem obscena. Padre Pio levava isso a sério e se afastava de qualquer um que xingasse ou blasfemasse.

Interessantemente, sua mãe também o ensinou a “reparar” os danos causados: “Beppa proibia seus filhos de se associarem com outras pessoas que usavam linguagem vulgar ou blasfema. Na verdade, sempre que ela ouvia alguém xingar, ela ‘reparava’ a situação com a expressão: ‘Bendito seja Deus!’ – uma prática que ela tentou incutir em todos os seus filhos.”

À medida que envelhecia, Padre Pio parou de fugir de pessoas que usavam palavrões, e passou a fazer o possível para “reparar” os danos causados pela linguagem suja.

O Santo Padre Pio entendia que o palavrão, mais do que uma simples “falta de educação”, era uma forma de maldição ou maledicência. A maledicência é um ato de falar mal de outra pessoa, de difamá-la ou insultá-la. O palavrão é uma forma de maledicência porque amaldiçoa ou insulta algo ou alguém. Nesse sentido, o Santo Padre Pio seria contra o uso de palavrões, pois ele acreditava que nossas palavras devem ser usadas para abençoar e não para amaldiçoar.

Além disso, o Santo Padre Pio acreditava que o uso de palavrões era um sinal de uma vida interior perturbada. Como Jesus nos ensinou: “a boca fala daquilo de que o coração está cheio” (Lc 6:45). Portanto, se nossa linguagem está cheia de palavrões, isso sugere que nosso coração também está cheio de negatividade, raiva ou ressentimento. E isso, para o Santo Padre Pio, seria uma grande preocupação.

O uso de palavrões, portanto, não é apenas uma questão de educação ou etiqueta. Trata-se de uma questão moral e espiritual. O Santo Padre Pio nos convida a refletir sobre as palavras que usamos e sobre o que elas revelam sobre nosso coração. Devemos lembrar que nossas palavras têm o poder de abençoar ou de amaldiçoar, de edificar ou destruir. E como seguidores de Cristo, somos chamados a usar nossas palavras de maneira a edificar e abençoar, e não a destruir ou amaldiçoar.

Para os católicos que buscam justificar o uso de palavrões, a mensagem do Santo Padre Pio seria clara: é hora de reexaminar nosso coração e nossa linguagem. Devemos nos esforçar para purificar nossa linguagem e usar nossas palavras de maneira a refletir o amor de Cristo por nós e por todas as pessoas.

Portanto, mesmo em meio à tendência moderna de aceitar o palavrão, somos convidados a resistir e escolher uma linguagem que honre a dignidade de cada pessoa e reflita o amor de Deus. Devemos usar nossas palavras para abençoar, não para amaldiçoar; para construir, não para destruir. Afinal, como discípulos de Cristo, somos chamados a ser luz para o mundo, e uma das maneiras mais poderosas de fazer isso é através das palavras que escolhemos usar.